terça-feira, 30 de agosto de 2011

Emoção da estreia

Nielson Souza e Ana Paula Camargo em Supernova
Foto: Wilian Aguiar
Plateia em silêncio, a cortina se abre, acendem as luzes, e na coxia estão eles vivendo uma sensação que mistura medo, angustia, e felicidade. É exatamente isso que os bailarinos da SPCD sentiram na estreia da segunda temporada de 2011 no Teatro Alfa, no último final de semana, quando estrearam Supernova, do alemão Marco Goeke, remontada para a Companhia por Giovanni Di Palma.
Segundo o bailarino Nielson Souza ao por os pés no palco, a ansiedade se transforma em uma força que faz com que tudo dê certo. “A ansiedade é inevitável, mas com o decorrer do balé a gente vai reconhecendo o palco, os movimentos, e vai se acalmando”, diz Souza. Para ele o nervosismo da estreia só passa ao final da coreografia. “Quando a gente está preparado para curtir o espetáculo, ele acaba”, completa. O bailarino confessa que na estreia (sexta-feira, dia 26) estava calmo e afirmou que esta montagem foi a mais fácil que já fez. “Estou tranquilo, meu corpo se adequou muito bem aos movimentos, essa coreografia é muito ‘minha’, mas não tem como saber se na hora que a cortina se abrir meu coração não vai saltar pela boca”, finaliza.
Já para a bailarina Ana Paula Camargo o momento da estreia é de muita aflição. “Fico nervosa, mas tento me controlar”, diz ela, que ao contrario de seu colega, sentiu dificuldade para aprender os novos passos. “Foi difícil. Os movimentos são muito rápidos e secos, mas agora é muito bom de fazer”, acrescenta Ana, que acredita que todo o nervosismo vem do fato da estreia ser algo ainda não vivido, porém, ela diz que essa sensação se torna algo “gostoso quando o bailarino sabe o que fazer no palco”. “Quando a gente sabe o que fazer, a ansiedade virá algo bom”, finaliza.

SUPERNOVA – A coreografia foi inspirada pela música de Antony & The Johnsons e pelo fenômeno astronômico das supernovas - estrelas que explodem e brilham no espaço por algum tempo – Marco Goecke criou esta obra em 2009 para a Scapino Ballet Rotterdam. Supernova é uma obra de contrates, na qual morte e vida, escuro e claro, estão ligadas pela energia de cada corpo. Os bailarinos aparecem e desaparecem do palco misteriosamente e a movimentação é marcada por sequências muito rápidas, precisas e controladas que fazem os corpos vibrarem. Para Goecke, cada movimento pode acontecer somente uma vez. "Você pode fazê-lo cada vez mais rápido, então dificilmente ele vai existir no final". A São Paulo Companhia de Dança é a primeira companhia no Brasil a dançar uma obra de Goecke.

por Murilo Rocha, de São Paulo

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