terça-feira, 18 de novembro de 2014

Sobre dança, comunicação e a conquista de dois prêmios

Desde sua criação, em 2008, a São Paulo Companhia de Dança recebe alunos interessados em pesquisar aspectos sobre o funcionamento da Companhia e já atendeu mais de 200 alunos em 70 projetos acadêmicos de diferentes áreas do conhecimento como Nutrição, Psicologia, Educação Física, Comunicação Social, Fotografia e Relações Públicas. Em 2013, um grupo de alunas da Faculdade Cásper Líbero escolheu a Companhia para desenvolver um Projeto de Comunicação Interna como trabalho de conclusão de curso (TCC) de Relações Públicas. Além da ótima avaliação da banca o grupo recebeu, no mês passado, dois prêmios da Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP) entre inscritos de todo o Brasil, nas categorias Estratégia de Relacionamento com Público Interno e Familiares e Melhor Projeto Experimental na Área Cultural do país.

Confira no texto de Renata Faila sobre a experiência do grupo em trabalhar com a São Companhia de Dança.

"Quando cheguei ao último ano do curso de Relações Públicas, na Faculdade Cásper Líbero, chegou a hora do esperado (e temido) TCC, ou PEX (Projeto Experimental) como é chamado por lá. Eu e quatro amigas, que já estávamos juntas desde o primeiro ano, oficializamos a agência experimental Efettive Comunicação, que teria que escolher uma empresa real para desenvolver um plano de comunicação completo. O amor pela dança, cultivado desde criança por ter sido bailarina clássica, me fez pensar na hora na São Paulo Companhia de Dança, que eu já acompanhava, e as outras meninas rapidamente entenderam o porquê da sugestão quando tiveram contato com alguns materiais e ainda mais depois de realizarmos nossa primeira reunião com Renan Henrique Melo (assistente) e Marcela Benvegnu (coordenadora), do departamento Educativo e Comunicação da companhia, que nos auxiliaram ao longo do projeto. Mas quando fizemos essa escolha, talvez ainda não tivéssemos plena consciência do quanto a dança e a comunicação dialogam e se fundem em essência. Mergulhamos de cabeça nesse universo, respirando movimento e a companhia em toda a sua complexidade. Apesar de ter apenas cinco anos, na época, uma estrutura de comunicação bem fundamentada sustenta todas as ações realizadas pela SPCD e foi preciso compreender todo o processo já realizado para perceber como poderíamos auxiliar a companhia. Durante o ano de 2013 visitamos a sede diversas vezes para analisarmos os materiais por eles produzidos como os DVDs Canteiro de Obras, que mostra os bastidores da companhia e Figuras da Dança, que conta a carreira de personalidades da área, participamos de uma audição para escolha de novos bailarinos, assim como da palestra para educadores Uma Roupa que Dança, falando sobre a história e evolução do figurino e ainda presenciamos um ensaio aberto na sequência. Também assistimos várias apresentações no Teatro Sérgio Cardoso e tivemos o prazer de participar do 1º Seminário Internacional de Dança, organizado pela SPCD a fim de discutir o tema sob diferentes óticas.

Após tantas informações e aprendizados, a Efettive Comunicação encontrou como poderia ‘entrar na dança’. Resolvemos explorar e sugerir a implantação de um projeto de comunicação interna, com ações pensadas especialmente para os colaboradores, essenciais para o dia a dia da SPCD e seus familiares, público importantíssimo que muitas vezes é esquecido até pelas grandes multinacionais. Foram muitas orientações, debates, noites mal dormidas, discussões, tudo que se espera de um trabalho de conclusão de curso e ainda mais. Porém, nos momentos em que começávamos a fervilhar de ideias e passávamos a encaixar as peças, compensava tudo. As semelhanças entre a comunicação e a dança começam no processo criativo, onde se busca a melhor forma de transmitir uma ideia, passando pela disciplina dos ensaios, para alcançar o objetivo final, pela leveza apesar de tudo, até o momento da apresentação final, quando vemos o que antes estava apenas no plano das ideias, ganhar novas interpretações por cada indivíduo impactado, nos levando a novas avaliações e ideias, formando um grande ciclo. E pela dança ser uma das mais antigas formas de comunicação, conseguíamos explorar ainda mais cada ideia e amarrar as pontas criando um projeto que conversa diretamente com os valores da SPCD e busca conduzir os envolvidos em um ciclo crescente, porém contínuo. Enfim apresentamos o PEX para a banca e fomos muito bem avaliadas, inclusive pelo Thiago Augusto de Souza, que estava representando a companhia. Missão cumprida!

Mas não parou por aí. Anualmente a Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP), uma das mais importantes entidades da classe, realiza a entrega de um prêmio para os melhores projetos e monografias na área. Fomos informadas que a faculdade iria realizar a inscrição do nosso trabalho por acreditar que teria potencial, o que já foi uma honra! Na sequência, a Efettive Comunicação foi indicada como finalista em duas categorias pela ABRP, entre os inscritos de todo o Brasil! Então, no mês passado, para nossa imensa felicidade e orgulho, ganhamos 1º lugar nas duas categorias que estávamos concorrendo: estratégia de relacionamento com público interno e familiares e o melhor projeto experimental na área cultural do país!. 

Ganhar esse prêmio vai muito além dos troféus, pois mostra que fizemos de fato a escolha certa e começamos nossa carreira com o pé direito. Assim como a escolha do nosso ‘primeiro cliente’ não poderia ter sido mais certeira! Agradecemos muito a confiança e paciência da São Paulo Companhia de Dança em acreditar no que estávamos realizando e abrir suas portas para nós, encaixando as nossas demandas em suas agendas já tão atribuladas. Também não podemos deixar de agradecer nossa mestra, Ms. Ethel Shiraishi Pereira, por todo o carinho, paciência e por nos conduzir da melhor forma possível. Unir comunicação e dança foi uma experiência única e muito gratificante, e nossa estreia afinal, foi aplaudida de pé, com o melhor reconhecimento que poderíamos imaginar!"

Thairine Teixeira, a professora Ethel Pereira, Bianca Ferrari, Monica de Matos, Renata Faila na entrega do prêmio da ABRP

Por Paula Quaresma, de São Paulo

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Pas de deux: do lado de lá



A dança do Brasil perdeu dois de seus grandes artistas no mês de setembro. No dia 17, Aldo Lotufo (1925-2014), e no dia 18, Suzana Braga (1949-2014), ambos no Rio de Janeiro.

Lotufo nasceu em Cuiabá e chegou ao Rio de Janeiro para estudar arquitetura, em 1944, mas foi no balé da Juventude que descobriu qual seria a sua verdadeira profissão: bailarino. Integrou o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, foi promovido a primeiro solista em 1954, e posteriormente primeiro bailarino. Depois de aposentado passou a ser professor. Você pode conferir um verbete sobre sua história no Dança em Rede, a enciclopédia de dança online da SPCD, aqui (http://www.spcd.com.br/dancaemrede/verbete_profissionais.php?verbete=761) e também aguardar o depoimento da bailarina Eliana Caminada, uma de suas partners, no documentário da série Figuras da Dança de 2014.

Também carioca de coração, a gaúcha Suzana Braga deixou um importante legado para a dança do país. Bailarina do Theatro Municipal do Rio Janeiro, passou para o outro lado da cena como diretora do Balé do Teatro Guaíra, em Curitiba (1999-2003) e como coordenadora artística do Balé Contemporâneo do Rio de Janeiro. Também ficou conhecida como autora de diversos livros: Tatiana Leskova - Uma Bailarina Solta no Mundo (Ed. Globo), Ana Botafogo – Na Magia do Palco (Ed. Nova Fronteira) e Palco da Sagração – O Maior Festival de Dança do Mundo (Ed. Letradágua) e outros. Ainda na série Figuras da Dança de 2014, o coreógrafo e diretor Jair Moraes, revela sua forte parceria de trabalho com Suzana, um dos grandes nomes da crítica de dança do Brasil nas décadas de 1980/90.

Este ano, ao lado de Eliana Caminada e Jair Moraes, a série Figuras da Dança revela as trajetórias de Paulo Pederneiras e Mara Borba. Os documentários vão ao ar no mês de outubro.

Por Marcela Benvegnu, de São Paulo 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Na Europa | SPCD em Colônia

E depois de se apresentar no tradicional festival de dança Tanzsommer Innsbruck, a SPCD desembarcou em Colônia, na Alemanha, para dois espetáculos no Oper Köln. Na quarta turnê pela Europa, a Companhia traz uma lembrança especial da Alemanha, onde já se apresentou em seis diferentes cidades. Ano passado, a SPCD estreou na cidade de Wolfsburg a obra Peekaboo, criação especial do coreógrafo alemão Marco Goecke para a Companhia. De volta ao país e pela primeira vez na cidade de Colônia, a SPCD trazPeekaboo em seu repertório, que também conta com In The Middle, Somewhat Elevated, de William Forsythe e Gnawa, do espanhol Nacho Duato.

E quem também está por aqui ministrando aulas de balé para os bailarinos da SPCD é Giovanni Di Palma, assistente de coreografia da Companhia. Giovanni, que no ano passado criou Romeu e Julieta para a SPCD, foi ainda remontador da obra Supernova, também do alemão Marco Goecke e que desde 2011 integra o repertório da SPCD.

Ontem, um público de mais de mil pessoas lotou o teatro Oper Köln para conferir o espetáculo da Companhia.

   
Onde estamos?
A Alemanha talvez seja o país mais marcante na história do continente europeu. Após a derrota em duas grandes guerras mundiais, o país se reconstruiu e, atualmente, está entre as cinco principais economias do mundo, além de ser a principal economia entre os países da zona do euro, e um dos principais da União Europeia. Repleta de contrastes, o país mescla o medieval com o moderno, a música clássica com o Techno, e vilarejos típicos com grandes metrópoles. Com inúmeras atrações turísticas, a Rota Romântica – estrada no sul da Alemanha – figura como destaque: começa na cidade de Würzburg - passando por castelos, vinhedos e paisagens cinematográficas -, e vai até Füssen, quase na fronteira com a Áustria, cobrindo aproximadamente 350km.


Que cidade é essa?
Também chamada de Köln (alemão), Colônia é uma cidade independente (Kreisfreie Stadt) ou distrito urbano (Stadtkreis); ou seja, possui estatuto de distrito (Kreis). A cidade está localizada na intersecção do Rio Reno (Rhein em alemão), e é uma das maiores da região de Nordrhein-Westphalen (Renânia do Norte-Vestfália) com 1 milhão de habitantes. Sua localização favoreceu a transformação da região em uma das maiores rotas comerciais entre a Europa Ocidental e Oriental, motivo que levou os antigos romanos a fundar a cidade, que possui mais de dois mil anos de história. Colônia foi severamente destruída durante a 2° Guerra Mundial e entre as décadas de 1950 e 1960, foi gradativamente reconstruída. Colônia também é conhecida por sua famosa Catedral Gótica - a mais popular da Alemanha e uma das mais famosas da Europa, e sua feira comercial KölnMesse, que é uma das maiores e mais importantes do país. Além da arquitetura histórica e paisagens naturais, a cerveja Kölsch, produzida na cidade, também é um dos atrativos de Colônia.