terça-feira, 30 de agosto de 2011

A emoção de dançar Supernova...


Nielson Souza em Supernova
Foto: Wilian Aguiar

Um misto de sentimentos moveu os bailarinos de Supernova no ultimo dia da apresentação da temporada no Teatro Alfa. Ansiedade, nervosismo, angustia, porém algumas sensações se tornam comum a todos, felicidade, satisfação e emoção. No terceiro dia todos estavam mais calmos. “Não foi tão cansativo quanto imaginei, e hoje, diferente do primeiro dia, estou bem tranqüilo. Trabalhar com o Giovanni foi incrível” diz Nielson Souza. A interação dos bailarinos em Supernova é perfeita, a rapidez com que aqueles movimentos acontecem faz da obra de Goecke, algo agradável e intrigante. “O que me deixou mais nervosa foi a velocidade dessa coreografia, cheguei a achar que seria impossível, mas deu tudo certo, o trabalho ficou maravilhoso”, comenta com um sorriso no rosto, a bailarina Ana Paula Camargo.

“Devemos agradecer o Giovanni, que nos deixou muito a vontade, além de respeitar o tempo e limites de cada um. Foi tudo simplesmente maravilhoso, sem explicação”, conta Rafael Gomes. A estreia da obra remontada pelo italiano Giovanni di Palma foi um sucesso. Os 13 bailarinos que compõem o elenco sentiram-se realizados e foram unanimes ao dizer que essa é uma coreografia que mesmo trazendo grandes obstáculos, principalmente físicos, trouxe ao mesmo tempo um grande contentamento. “Foi uma das melhores obras que já dancei muito agradável, gosto da sensação de nervosismo e da dificuldade que nos trouxe”, completa Fabiana Ikehara.

(por Marina Sakovic, de São Paulo)


Marcelo Gomes na SPCD

Marcelo Gomes e Paula Penachio em ensaio de Tchaikovsky Pas de Deux | George Balanchine © 2009 | The George Balanchine Trust | Foto: Wilian Aguiar
O segundo dia de apresentações da temporada 2011 no Teatro Alfa da São Paulo Companhia de Dança foi repleto de emoção e aplausos. A noite de sábado levou cerca de 800 pessoas ao Alfa e todos puderam assistir a participação de Marcelo Gomes, em Tchaikovsky Pas de Deux, de George Balanchine. Marcelo é primeiro bailarino do American Ballet Theatre (NY), uma das mais importantes companhias de dança do mundo, desde 2002. “Dançar no Brasil é diferente de tudo, pois é como se eu dançasse pela primeira vez para a minha família. O frio na barriga aumenta. Minha mãe veio de Manaus, meu irmão, do Rio de Janeiro. A cobrança para que eu faça tudo certo é maior, porque quero fazer o meu melhor para eles”, comenta. Marcelo se apresentou nos dias 26 e 27 de agosto, com Paula Penachio, bailarina da São Paulo, há três anos. Para ela, a sintonia entre eles foi instantânea. “No primeiro dia de ensaio sentimos que não precisaríamos de muitos outros. Nos entendemos bem. Foi melhor do que eu esperava. Eu estava ansiosa para entrar no palco, porque dançar com ele era algo que eu queria fazer”, afirma.

por Gisele Silva, de São Paulo

Emoção da estreia

Nielson Souza e Ana Paula Camargo em Supernova
Foto: Wilian Aguiar
Plateia em silêncio, a cortina se abre, acendem as luzes, e na coxia estão eles vivendo uma sensação que mistura medo, angustia, e felicidade. É exatamente isso que os bailarinos da SPCD sentiram na estreia da segunda temporada de 2011 no Teatro Alfa, no último final de semana, quando estrearam Supernova, do alemão Marco Goeke, remontada para a Companhia por Giovanni Di Palma.
Segundo o bailarino Nielson Souza ao por os pés no palco, a ansiedade se transforma em uma força que faz com que tudo dê certo. “A ansiedade é inevitável, mas com o decorrer do balé a gente vai reconhecendo o palco, os movimentos, e vai se acalmando”, diz Souza. Para ele o nervosismo da estreia só passa ao final da coreografia. “Quando a gente está preparado para curtir o espetáculo, ele acaba”, completa. O bailarino confessa que na estreia (sexta-feira, dia 26) estava calmo e afirmou que esta montagem foi a mais fácil que já fez. “Estou tranquilo, meu corpo se adequou muito bem aos movimentos, essa coreografia é muito ‘minha’, mas não tem como saber se na hora que a cortina se abrir meu coração não vai saltar pela boca”, finaliza.
Já para a bailarina Ana Paula Camargo o momento da estreia é de muita aflição. “Fico nervosa, mas tento me controlar”, diz ela, que ao contrario de seu colega, sentiu dificuldade para aprender os novos passos. “Foi difícil. Os movimentos são muito rápidos e secos, mas agora é muito bom de fazer”, acrescenta Ana, que acredita que todo o nervosismo vem do fato da estreia ser algo ainda não vivido, porém, ela diz que essa sensação se torna algo “gostoso quando o bailarino sabe o que fazer no palco”. “Quando a gente sabe o que fazer, a ansiedade virá algo bom”, finaliza.

SUPERNOVA – A coreografia foi inspirada pela música de Antony & The Johnsons e pelo fenômeno astronômico das supernovas - estrelas que explodem e brilham no espaço por algum tempo – Marco Goecke criou esta obra em 2009 para a Scapino Ballet Rotterdam. Supernova é uma obra de contrates, na qual morte e vida, escuro e claro, estão ligadas pela energia de cada corpo. Os bailarinos aparecem e desaparecem do palco misteriosamente e a movimentação é marcada por sequências muito rápidas, precisas e controladas que fazem os corpos vibrarem. Para Goecke, cada movimento pode acontecer somente uma vez. "Você pode fazê-lo cada vez mais rápido, então dificilmente ele vai existir no final". A São Paulo Companhia de Dança é a primeira companhia no Brasil a dançar uma obra de Goecke.

por Murilo Rocha, de São Paulo

sábado, 20 de agosto de 2011

A dança, o tempo e o ensaio


Público chegando para a palestra
Realizada na sede da São Paulo Companhia de Dança, na manhã de sábado (13/08/11), a Palestra com o Professor, ministrada por Inês Bogéa, diretora da SPCD, para os interessados na arte e no movimento, teve como tema “A Dança no Tempo”, que tem o objetivo situar a dança em diversos momentos históricos, além de falar sobre sua evolução. Veja mais sobre os Programas Educativos e de Formação de Plateia clicando aqui.
“A dança cênica e a clássica surgem no Renascimento, em ambiente político. A dança cênica fala sobre as relações de poder” explica a diretora. O Rei Luis XIV, mais conhecido como Rei Sol, foi um dos ícones desses estilos, criando a Académie Royale de Danse (Academia Real de Dança), sendo Pierre Beauchamps (1636 - 1705), criador das cinco posições dos pés, seu professor. Na época do Romantismo, a mulher passa a desenvolver o papel principal no balé. “O homem vinha desenvolvendo uma técnica, de forma virtuosa, depois a mulher passa a ser atenção” comenta Inês. O maior símbolo do Balé Romântico é a obra Giselle, de Jean Coralli e Jules Perrot.
Isadora Duncan (1877 - 1927) é percussora na dança moderna, que vêm com intenção de rejeitar o estilo clássico. Os movimentos são livres e expressivos, cria-se uma possibilidade de amplitude, além de falar do que acontece no interior do homem. Já a dança contemporânea é criada no inicio do século XX, se difere por não haver uma história que siga uma sequência lógica, é marcada por gestos do dia a dia e busca transformar o que é familiar em algo curioso.
ENSAIO | Além de participar da Palestra, o público teve também a oportunidade de assistir aos ensaios da Temporada de Dança do Teatro Alfa. Um grupo de aproximadamente 40 pessoas assistiu Supernova, obra do alemão Marco Goecke, remontada pelo italiano Giovanni di Palma. O grupo observava atentamente os movimentos dos 7 bailarinos. Mariangela Lopes, professora de dança do SESI São Carlos, define a obra como inovadora, “é algo que nos permite pensar a dança de uma forma mais ampla, além de testar os limites corporais dos bailarinos”.
Observação na sala de ensaio da SPCD: ver a dança de perto
Professora de artes em Sorocaba, Lucilene Tózi achou magnífico o modo como são trabalhados os movimentos nessa coreografia “o lance da interação e não interação, da aproximação e da maneira como se repelem, faz de Supernova um balé extremamente intenso”. O aluno de dança Weslei Rodrigues conta que o que mais chamou atenção na obra de Goecke foi a utilização da pantomima, onde os bailarinos se utilizam de movimentos próximos a mímica para expressar os sentimentos. “Nessa obra tudo têm significado, eles passam uma necessidade de brilhar, cada bailarino de sua maneira, todos demonstrando agitação e uma forte energia”.
ESTREIA | A estreia de Supernova, de Marco Goecke, está marcada para o dia 26 de agosto. Outra novidade também na segunda temporada da SPCD em 2011, é a participação do brasileiro Marcelo Gomes, primeiro bailarino do American Ballet Theatre, que dançará Tchaikovsky Pas de Deux, de George Balanchine, nos dias 26 e 27, ao lado de Paula Penachi, bailarina da SPCD. Inquieto, de Henrique Rodovalho e Legend, de John Cranko também serão apresentadas. As quatro obras estarão em cartaz entre os dias 26 a 28, no Teatro Alfa.
(rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 - Santo Amaro). Ingressos pelo http://www.ingressorapido.com.br/

por Marina Sakovic | de São Paulo

Figuras da Dança 2011


Ana Botafogo na gravação de Figuras da Dança
Se você perdeu... agora terá que esperar até o ano que vem. A São Paulo Companhia de Dança terminou mais uma gravação da série Figuras da Dança, concebida por Inês Bogéa e Iracity Cardoso, em parceria com a Fundação Padre Anchieta. O projeto tem como objetivo principal conservar a historia da dança brasileira com depoimentos de importantes personalidades no cenário da dança nacional.
Em 2011 o Figuras da Dança homenageou duas importantes bailarinas que mostram as diferentes vertentes da dança. A primeira, Célia Gouvêa, revela o lado político e crítico da dança contemporânea. Célia se diz uma pioneira, uma mulher cheia de projetos, uma criadora. Em seu depoimento diz ‘querer fazer buracos no céu’, se referindo a sua eterna luta para a preservação e valorização da historia da dança em nosso país.
A segunda foi Ana Botafogo, ícone do balé clássico no Brasil. Ana mostra o lado romântico e belo da dança, mas conta, também, todas as dificuldades de uma bailarina brasileira na Europa e como se tornou este grande nome na dança. Neste ano, Ana comemora trinta anos como primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. “O sonho da minha vida”, segundo ela.
Iracity Cardoso, Célia Gouvêa e Inês Bogéa
Os depoimentos foram gravados no Auditório Franco Zampari, nos dias 26 de
maio (Célia) e 12 de julho (Ana) e tiveram entrada gratuita. Os documentários, que tem direção de Inês Bogéa, serão veiculados pela TV Cultura em outubro. A série Figuras da Dança está na sua quarta edição e já conta com dezessete documentários.

Saiba mais sobre o projeto acessando o site da companhia

por Murilo Rocha e Silva | de São Paulo