quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O bailarino por de trás da voz


Com olhos atentos e acompanhando a cada segundo do ensaio, William Moragas, narrador da versão em português de Ballet 101, de Eric Gauthier, assiste pela primeira vez a obra, remontada pela São Paulo Companhia de Dança no começo do ano, por Renato Arismendi. “Tenho certeza de que se o Eric assistisse, ele iria adorar. Ficou muito bom, tudo é bem feito e as posições são executadas com perfeição”, disse Moragas enquanto conversava com Yoshi Suzuki, que interpretou o papel no ensaio de hoje.

William Moragas assistindo ao ensaio de Ballet 101

“Um espetáculo é feito de detalhes, e é muito importante que eles estejam presentes nas remontagens, porque conseguimos manter a essência da mensagem que o coreógrafo queria passar quando criou aquela peça. É muito gratificante ver que isso não se perdeu”. E acrescenta “Cheguei a ensaiar muito Ballet 101, mas nunca o apresentei. Ele veio em uma época em que queria me dedicar a outros estilos de dança, mas é um trabalho incrível, que nasceu de uma brincadeira entre os grandes balés clássicos de repertório, e da relação entre o ballet master e o interprete. Tudo é muito irônico!” declara.



 O Bailarino fazendo aula na SPCD
  
Ao ouvir sua própria voz, o bailarino confessa que considera a situação cômica. “Ballet 101 nunca havia sido montado com a narração traduzida, essa versão foi a primeira. É muito engraçado ouvir minha própria voz, fica muito diferente”, revela o mineiro, que esta passando férias no Brasil, onde aproveitou para fazer aulas na sede da SPCD. “Fico muito feliz pela existência de uma companhia deste nível no Brasil, é um presente para os bailarinos brasileiros”, finaliza Moragas, que atualmente mora na Alemanha e dança na Gauthier Dance Company Stuttgart, e fará aulas na São Paulo Companhia de Dança até dia 31 de agosto.

William aplaudindo o ensaio de Ballet 101

Por Murilo Rocha, de São Paulo

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O adeus a Richard Cragun

Richard Cragun (1944 – 2012) foi um bailarino que marcou o mundo da dança com sua precisão, virtuosismo e qualidade de interpretação. Cragun esteve na São Paulo Companhia de Dança em 2011 para remontar Legend, um pas de deux neoclássico criado por John Cranko (1927-1973) para ele e Márcia Haydée. Na sala de ensaio ele foi de uma enorme entrega, generosidade e dedicação ao passar para os bailarinos esse duo lírico.

 Richard Cragun foi bailarino do Sttutgart Ballet; dirigiu o Berlim Opera Ballet e criou e dirigiu o grupo DeAnima Ballet Contemporâneo, no Rio de Janeiro, ao lado do coreógrafo Roberto de Oliveira. Ele nasceu na Califórnia dia 05/10/1944 e faleceu no Rio de Janeiro dia 06/08/2012, aos 68 anos deixando marcado na memória de todos nós sua imagem dançando balés como A Megera Domada (1969) e Carmen (1971), ambos de Cranko. A São Paulo Companhia de Dança homenageia esse grande nome da dança mundial.

Richard Cragun esteve na São Paulo Companhia de Dança, no ano passado


Cragun entre os bailarinos da São Paulo Companhia de Dança; coreógrafo remontou Legend

Por SPCD, de São Paulo

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

SPCD dá início ao Ateliê Coreográfico

Uma nova iniciativa da São Paulo Companhia de Dança amplia o intercâmbio da SPCD com criadores brasileiros. Trata-se do Ateliê Coreográfico, projeto que teve início nesta semana, e que tem estreia prevista para início de dezembro. Para essa primeira edição do projeto serão três coreógrafos.

Alex Neoral, bailarino e também diretor da Focus Companhia de Dança, do Rio de Janeiro, está desde segunda feira na sede da SPCD trabalhando em sua criação. “Já acompanho o trabalho da SPCD há um tempo e admiro a direção da Inês Bogéa. Fiquei lisonjeado ao receber o convite para participar do projeto”, comentou Neoral, que coreografará uma obra contemporânea.

Há dois dias na companhia, Alex diz que, assim que chegou, pôde sentir um clima leve e ao mesmo tempo de seriedade por conta dos bailarinos. “Dá para sentir o prazer das pessoas por estarem aqui, uma energia muito boa. Isso facilita muito no trabalho coreográfico, ajuda a fluir”.

Neoral comenta que, normalmente, quando cria uma obra para outro grupo, gosta de levar sempre uma ideia em mente, porém, não cria fórmulas, prefere deixar acontecer. “É difícil ter uma ideia fixa, porque não conhecemos os bailarinos e não sabemos como irão responder ao nosso trabalho. O que eu trouxe já se transformou e eu ainda não sei qual será o resultado. Mas tenho certeza que será positivo”, acredita Neoral, que terá no total oito ensaios na companhia.

O coreógrafo teve contato com todos os 37 bailarinos da SPCD e diz que um ponto difícil foi ter que escolher o elenco, pois, segundo ele “são todos muito bons”. Para sua coreografia, serão sete pessoas, sendo três casais. Serão escolhidos três elencos.

 Um pouco mais de Alex Neoral

 Alex, 33, iniciou seus estudos em dança no Rio de Janeiro, em 1994, aos 15 anos, no curso de Jazz até chegar na dança contemporânea. Passou por várias companhias, como Cia. Nós da Dança (Regina Sauer), Grupo Tápias (Giselle Tápias), Cia. de Dança Deborah Colker, Cia. Vacilou Dançou (Carlota Portella), entre outras.

Como sempre sentiu vontade de coreografar, em 1996 cria sua primeira obra chamada Vertice para a Focus Cia. de Dança, que foi fundada em 1997 e surgiu de um grupo de amigos bailarinos. Em 2000 a companhia apresenta seu primeiro espetáculo profissional. Já se apresentou em diversos países, como Alemanha, Panamá, Itália e França (35 cidades). No Brasil foram mais de 45 municípios.

Como professor de dança contemporânea, já ministrou aulas na escola City Dance, em Washington DC e na Escola de Dança Maria Taglione, na Itália. Coreografou para diversos grupos, como a Escola do Bolshoi e remontou uma peça da Companhia de Washington. Este ano, irá coreografar um musical no Rio de Janeiro. Há 4 anos, é coreógrafo da comissão de frente da escola Imperatriz Leopoldinense, no Rio de Janeiro. Atualmente, é bailarino, coreógrafo e diretor da Focus Cia. de Dança. Informações sobre a companhia visitem o site www.focusciadedanca.com.


Neoral (ao meio) mostra a execução do passo com a bailarina Aline Campos; ao fundo, Rafael Gomes observa


 Os bailarinos Bia Hack e Joca Antunes executando o passo


        Bailarinos aprendem a sequência mostrada por Neoral e Clarissa, integrante de sua companhia


Por Cláudia Trento, de São Paulo