Jomar Mesquita é o convidado da vez do Ateliê de Coreógrafos Brasileiros |
“Quando cheguei assisti algumas obras do repertório da SPCD e comecei o processo de seleção de elenco”, conta Mesquita que irá criar uma peça de aproximadamente 12 minutos. “Todos são ótimos e estou muito satisfeito com a maneira com que eles responderam às minhas orientações em apenas três dias. Ficaram muito além das expectativas”, completa.
Para ele, a criação da coreografia acontece durante os ensaios e improvisações. “É muito raro eu chegar para trabalhar com o grupo com algo definido. Cada um tem uma característica e um perfil diferente do outro. Portanto, é preciso conhecê-los primeiro para absorver o máximo deste profissional no processo de criação da obra”, explica o coreógrafo.
Aliás, a dança de salão foi o ponto de partida para ele criar uma linguagem própria e inovadora, desenvolvendo um extenso trabalho de pesquisa, que parte da dança a dois, a qual se declara apaixonado. “Eu amo a dança de salão. Porém ela me incomodava um pouco porque é repetitiva. A partir disso, iniciei um trabalho de pesquisa no qual eu a desconstruía, tornando-a algo mais refinado”, comenta.
A ideia de Mesquita é trabalhar os bailarinos para que eles desenvolvam um gestual diferente do da dança clássica. “Como a dança de salão é popular, tento trazer essa linguagem para um conceito mais artístico. O objetivo é garantir a essa arte um gestual mais natural, próximo do cotidiano do público, fugindo um pouco do clássico”, finaliza.
DE PAI PARA FILHO – A dança sempre esteve no sangue da família de Jomar Mesquita. Seus pais, entusiastas da dança de salão, começaram a praticá-la por hobbie e não demoraram muito para transformar o que era lazer num prazeroso ofício, abrindo as portas da Mimulus Escola de Dança, em 1990. Incentivado por eles, Mesquita, aos 17 anos, ingressou neste universo e de lá nunca mais saiu. “Sempre fui tímido, tinha uma vontade imensa de dançar, mas tinha muita vergonha”, comenta. Ele completou sua graduação em engenharia mecânica, mas não chegou a exercer a profissão, pois já havia decidido trabalhar somente com a dança. “Eu faço uma continuidade do trabalho de meus pais. Aliás, eles foram meus primeiros professores de dança. Aos poucos fui me apaixonando e buscando outras técnicas para criar a minha própria linguagem”, orgulha-se.
Mesquita começou a coreografar em 1992. Suas obras já correram países como França, Espanha, Estados Unidos e Canadá. Entre seus prêmios destacam-se o Sesc/Sated como melhor coreógrafo por dois anos consecutivos (2001/2002) e Melhor Coreógrafo pela obra Por um Fio (2010). Seus espetáculos também arrecadaram premiações como Maior Público de Dança (Siparc/Usiminas); Melhor Espetáculo de Dança para E Esse Alguém Sabe Quem, 2002; De Carne e Sonho, 2004 e Por um Fio, 2010. Paralelo à sua atuação na Mimulus, desenvolve trabalhos também para outras companhias teatrais como o Grupo Galpão e para as companhias Jovem da Escola, Teatro Bolshoi, Burlantins, Sociedade Masculina, Companhia de Dança de Minas Gerais e Balé Teatro Castro Alves.
Por Bruno Alves, de São Paulo
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