segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ady Addor é a personagem da vez no Figuras da Dança Comentado

A bailarina e coreógrafa Ady Addor contou sua trajetória no programa Figuras da Dança Comentado | Crédito: Antonio Carlos Cardoso

A arte contada por quem viveu. Este é o mote da série de documentários Figuras da Dança, da São Paulo Companhia de Dança, que apresentou na última quinta-feira, 20, na Galeria Olido, o Figuras da Dança - Palestra Para o Professor. No encontro, a carioca Ady Addor, que possui um extenso currículo atuando em companhias de grande porte como o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Ballet do IV Centenário, American Ballet Theater, Ballet Nacional da Venezuela, Ballet Nacional de Cuba, entre outras, assistiu com o público o documentário da série que apresenta sua trajetória e, logo após, abriu espaço para perguntas e curiosidades sobre o seu trabalho mediadas pela coordenadora de Educativo e Memória da SPCD, Marcela Benvegnu.
Na ocasião, Ady contou um pouco de sua história e experiência e destacou a importância da disciplina e de excessivos ensaios necessários aos bailarinos atualmente. “A carreira de bailarino é muito curta. Eu comecei aos 16 anos e terminei com 26, apenas 10 anos. Para você ser um bom bailarino, além da disciplina e dos ensaios, é necessário que o espaço ou escola possua uma ótima infraestrutura para que o bailarino alcance o resultado almejado: salas de aula decentes, um bom professor, direção, etc.”, comenta. “Eu, por exemplo, fazia três aulas por dia além dos ensaios e ainda era chamada de preguiçosa”, diverte-se.
Sobre sua passagem no corpo de baile do Ballet do IV Centenário, Ady revela uma singela tristeza sobre o brusco fim da companhia. “O presidente na época era o Jânio Quadros e ele findou o IV Centenário de um dia para o outro. Eu lembro que nós éramos muito jovens. Eu cheguei para dançar no Municipal (Teatro Municipal de São Paulo) e o porteiro pediu para voltarmos. A gente não se conformou”, revela Ady. “Os cenários foram guardados num porão qualquer sem cuidado nenhum. Algumas bailarinas foram dançar no Beco, outras na TV. Eu acabei indo para Nova York. Tive sorte”.
O dentista José Florindo Coneglian, voluntário na Biblioteca Municipal de São Paulo, compareceu na Sala Paissandu, da Galeria Olido, para pegar a assinatura da maitresse para o acervo da Biblioteca. “Eu sabia algo do IV Centenário, da importância dela para o ballet, seu trabalho no exterior, e que havia abandonado a carreira no auge. Isso me intrigou”, comenta o dentista. “Achei tanto o documentário quanto o bate-papo muito bacana. Esse pessoal tem muita bagagem e é ótimo que os jovens venham reverenciar essas personalidades da dança”, conclui.

Pra saber mais...
A bailarina Ady Addor nasceu no Rio de Janeiro, em 1935. A cidade foi palco de seu primeiro encontro com o balé clássico, quando ela tinha apenas 10 anos. Aos 16, abandonou os estudos para se dedicar inteiramente à carreira de bailarina profissional. Sua performance artística conquistou um crítico de dança, que a levou para São Paulo com o intuito de integrá-la ao corpo de baile do Ballet do IV Centenário, criado para as comemorações dos 400 anos da cidade de São Paulo.  A partir disso, não demorou muito para sua carreira deslanchar. O talento e dedicação ao balé fizeram com que a bailarina fosse reconhecida novamente, passando logo a solista, o que representou um grande trunfo em sua carreira. Com o fim das apresentações do IV Centenário, Ady decidiu alçar novos (e altos) voos transferindo-se para Nova York para compor agora o elenco do American Ballet Theater (ABT). Aos 26 anos, Ady se casou e mudou-se para a Venezuela. Neste período, parou temporariamente a carreira para se dedicar aos filhos. Lá conheceu a cubana Alicia Alonso (1920), que a convidou para fazer parte do Ballet Nacional de Cuba, onde permaneceu dpor dois anos. Logo após, retornou ao Brasil e encerrou sua carreira de bailarina em 1961. Desde então dedica-se a atuação de professora e coreógrafa.

Por Bruno Alves, de São Paulo

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