O argentino Mário Galizzi é o primeiro professor convidado de 2013 da SPCD |
O primeiro
professor convidado de 2013 da São Paulo Companhia de Dança é o argentino Mario
Galizzi, professor do Instituto Superior de Arte do Teatro Colón e mestre
contemporâneo do Ballet do Teatro San Martín. Durante 40 dias ele ministra
aulas diárias de balé clássico para os bailarinos da SPCD e também atua como coach
de repertório.
Galizzi teve
contato com a equipe da São Paulo Companhia de Dança em 2011, numa gala no
Paraguai, onde a Companhia apresentou o pas de deux de Gnawa, de
Nacho Duato; e Tchaikovsky Pas De Deux, de George Balanchine
(1904-1983). “Eu era o preparador dos bailarinos que se apresentaram naquela
gala, e a partir disto, pude conhecer o trabalho da Companhia. Foi neste
momento que a Inês Bogéa (diretora da SPCD) me
convidou para uma temporada de aulas de balé”, relata.
Com um método oposto ao da rigidez, Galizzi procura entrar no universo do bailarino; na foto, com Geivison Moreira, Olívia Pureza e Binho Pacheco |
Quando começou
a dar aulas particulares, Mário Galizzi ainda atuava como bailarino do Teatro
Colón, ensinando os dançarinos mais jovens. “Isso me dava muito prazer. Quando
eu vi, estava no palco dançando obras ao lado de meus alunos. É muito lindo e é
o que me motiva: quando um bailarino precisa de um mestre”, fala Galizzi, que
reforça a importância do mestre de balé para o dançarino. “O verdadeiro espelho
do aluno não é aquele objeto físico da sala de ensaio, é o mestre. Se ele faz
um movimento no espelho, às vezes ele acredita que está bom quando não está. O
mestre não está ali para ensinar a técnica, pois o bailarino já aprendeu na
escola de dança, ele está ali pela estética, pelo bordado da técnica, e pela
preciosidade do movimento”.
O prazer de ensinar começou cedo, quando ainda
era dançarino do Teatro Colón. “Fui professor de balé do Teatro Colón e tive
sorte de ver meus alunos dançando em grandes companhias e sorte deles terem
sido meus alunos”, comenta. Além das aulas no Colón ele dava uma assessoria aos
alunos com aulas particulares. “Dar aulas particulares têm seus prós e contras
tendo em vista a formação do bailarino. Na escola de dança, o aluno tem em média
1h30 de aulas de balé por dia, e eles precisam de mais. Porém, eu não posso
ensiná-los de forma diferente da filosofia adotada na escola, senão vou
confundi-los”, explica.
Seu método de
tratar o aluno é oposto à da rigidez. Ele busca entrar no universo do bailarino
e entender seu contexto para que possa trabalhar seus movimentos na sala de
ensaio. “Eu, geralmente, quero saber se o aluno está bem, não só fisicamente
como psicologicamente. Se está comendo direito ou se está passando por alguma
dificuldade, pois isto reflete na maneira como ele irá dançar”, pontua.
“Eu já tive
experiências com professores estrangeiros bem rudes e que, nem por isso,
rendiam bons resultados. Ele foi um querido e a aula muito gostosa”, conta a
bailarina Olívia Pureza, que tem aulas com o professor pela primeira vez em sua
carreira. “São maneiras diferentes de tratar o aluno, aliás, eu digo que eles
não são meus alunos, são meus discípulos porque eu crio um laço com eles”.
Sobre seu método, Galizzi pontua: “não sei se é certo ou errado e não julgo um
método mais militar, porque eu sei e já vi que também funciona. Mas esse é o meu modo de ensinar, e é o que me dá mais prazer”.
Galizzi durante aula de balé com os bailarinos Olívia Pureza e Binho Pacheco |
SAIBA MAIS
- Mario Galizzi começou sua formação no Teatro Colón, em Buenos Aires. Após
a formatura, foi convidado a integrar a companhia como solista. Nesta
função, dançou com o Ballet de Hanover e no Ballet de Frankfurt, na Alemanha.
Como professor e coach formou muitos dos maiores bailarinos atuais, como Julio
Bocca, Herman Cornejo e Paloma Herrera. Galizzi é ex-diretor do Ballet Teatro
Del Colón e do Teatro Argentino de La Plata.
Por Bruno Alves
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