quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Trabalho de maïtre

O argentino Mário Galizzi é o primeiro professor
convidado de 2013 da SPCD

O primeiro professor convidado de 2013 da São Paulo Companhia de Dança é o argentino Mario Galizzi, professor do Instituto Superior de Arte do Teatro Colón e mestre contemporâneo do Ballet do Teatro San Martín. Durante 40 dias ele ministra aulas diárias de balé clássico para os bailarinos da SPCD e também atua como coach de repertório.

Galizzi teve contato com a equipe da São Paulo Companhia de Dança em 2011, numa gala no Paraguai, onde a Companhia apresentou o pas de deux de Gnawa, de Nacho Duato; e Tchaikovsky Pas De Deux, de George Balanchine (1904-1983). “Eu era o preparador dos bailarinos que se apresentaram naquela gala, e a partir disto, pude conhecer o trabalho da Companhia. Foi neste momento que a Inês Bogéa (diretora da SPCD) me convidou para uma temporada de aulas de balé”, relata.

Com um método oposto ao da rigidez, Galizzi
procura entrar no universo do bailarino; na foto,
com Geivison Moreira, Olívia Pureza e Binho Pacheco
Quando começou a dar aulas particulares, Mário Galizzi ainda atuava como bailarino do Teatro Colón, ensinando os dançarinos mais jovens. “Isso me dava muito prazer. Quando eu vi, estava no palco dançando obras ao lado de meus alunos. É muito lindo e é o que me motiva: quando um bailarino precisa de um mestre”, fala Galizzi, que reforça a importância do mestre de balé para o dançarino. “O verdadeiro espelho do aluno não é aquele objeto físico da sala de ensaio, é o mestre. Se ele faz um movimento no espelho, às vezes ele acredita que está bom quando não está. O mestre não está ali para ensinar a técnica, pois o bailarino já aprendeu na escola de dança, ele está ali pela estética, pelo bordado da técnica, e pela preciosidade do movimento”.

O prazer de ensinar começou cedo, quando ainda era dançarino do Teatro Colón. “Fui professor de balé do Teatro Colón e tive sorte de ver meus alunos dançando em grandes companhias e sorte deles terem sido meus alunos”, comenta. Além das aulas no Colón ele dava uma assessoria aos alunos com aulas particulares. “Dar aulas particulares têm seus prós e contras tendo em vista a formação do bailarino. Na escola de dança, o aluno tem em média 1h30 de aulas de balé por dia, e eles precisam de mais. Porém, eu não posso ensiná-los de forma diferente da filosofia adotada na escola, senão vou confundi-los”, explica.

Seu método de tratar o aluno é oposto à da rigidez. Ele busca entrar no universo do bailarino e entender seu contexto para que possa trabalhar seus movimentos na sala de ensaio. “Eu, geralmente, quero saber se o aluno está bem, não só fisicamente como psicologicamente. Se está comendo direito ou se está passando por alguma dificuldade, pois isto reflete na maneira como ele irá dançar”, pontua.

“Eu já tive experiências com professores estrangeiros bem rudes e que, nem por isso, rendiam bons resultados. Ele foi um querido e a aula muito gostosa”, conta a bailarina Olívia Pureza, que tem aulas com o professor pela primeira vez em sua carreira. “São maneiras diferentes de tratar o aluno, aliás, eu digo que eles não são meus alunos, são meus discípulos porque eu crio um laço com eles”. Sobre seu método, Galizzi pontua: “não sei se é certo ou errado e não julgo um método mais militar, porque eu sei e já vi que também funciona. Mas esse é o meu modo de ensinar, e é o que me dá mais prazer”.

Galizzi durante aula de balé com os bailarinos
Olívia Pureza e Binho Pacheco

SAIBA MAIS - Mario Galizzi começou sua formação no Teatro Colón, em Buenos Aires. Após a formatura, foi convidado a integrar a  companhia como solista. Nesta função, dançou com o Ballet de Hanover e no Ballet de Frankfurt, na Alemanha. Como professor e coach formou muitos dos maiores bailarinos atuais, como Julio Bocca, Herman Cornejo e Paloma Herrera. Galizzi é ex-diretor do Ballet Teatro Del Colón e do Teatro Argentino de La Plata. 

Por Bruno Alves

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