* SPCD *: UMA roupa que dança

O convencional e o politicamente correto passaram longe da sala 2 do Parque Villa-Lobos, palco, ou melhor, passarela onde os bailarinos da São Paulo Companhia de Dança desfilaram os looks da grife UMA – Raquel Davidowicz, na São Paulo Fashion Week | Inverno 2014. No lugar de altas e magras modelos, bailarinas de pernas torneadas vestiram e valorizaram a funcionalidade e o conforto das peças num desfile coreografado pelo bailarino da Companhia Rafael Gomes.

O convite e a ideia inusitada surgiram da própria estilista e chapa da Companhia, Raquel Davidowicz. “Em uma manhã inspirada por um sentimento de renovação, empenhei-me na ideia de um novo trabalho com a São Paulo Companhia de Dança. Foi a partir de então que me deparei com uma completa sinergia entre as peças da coleção e o universo dos bailarinos, que adotam uma silhueta desconstruída e cheia de sobreposições durante os ensaios”, explica Raquel.

As peças atemporais que pedem “por favor” e dão “bom dia” para a Selva de Pedra (expressões estampadas nas costas dos tricôs desfilados) mesclavam uma cartela sóbria de cores como preto, cinza, off white e azul, que facilitam na escolha do look do dia. Assimetrias, fendas e recortes marcam saias e vestidos. Sobreposições e amarrações traduzem o cotidiano dos bailarinos e, para dar ainda mais liberdade aos movimentos, coturnos foram adaptados com o solado substituído por uma fina camada protetora de borracha.

A parceria entre SPCD + UMA, no entanto, não é uma novidade. As duas empresas já trocaram figurinhas nos primórdios da Companhia, em 2008, quando Raquel assinou o figurino da coreografia Entreato. “Em 2008, convidei a Raquel para assinar o figurino de uma obra da São Paulo Companhia de Dança. Hoje, cinco anos depois, somos nós os convidados para dar o movimento às suas peças”, comenta Inês Bogéa, diretora artística da São Paulo Companhia de Dança.

Para harmonizar o conceito ‘urbanoide’ e cosmopolita da marca com a coreografia, Rafael Gomes se inspirou num trabalho criado para a SPCD em 2012, Como Eu, Só, sobre a noite paulistana, a solidão, e o underground do Baixa Augusta, o que imprimiu ainda mais significado ao tema da coleção. “A preocupação em se vestir, estar bonito para o outro e também para si foram pontos questionados. O primeiro casal na cena representa esse sentimento de estar com o todo, mas ao mesmo tempo sozinho. É o peso da noite na moda”, fala Gomes.

No backstage, o movimento foi intenso e a descontração enorme, já que os bailarinos, além do físico, possuem um humor menos peculiar que o dos modelos. No Blog da SPCD, você confere imagens da tarde de flashes, glamour e diversão que marcou a passagem da Companhia pela SPFW e mais uma parceria de sucesso entre UMA e SPCD. Vem ver!

Por Bruno Alves, de São Paulo