Binho Pacheco
Ele sempre quis ser bailarino e foi com o apoio da família que aos 16 anos, Binho Pacheco pegou uma lista telefônica e começou a ligar para escolas de balé, na cidade de Salvador. Participou de testes e conseguiu ingressar na Escola de Balé do Teatro Castro Alves, dando início aos seus estudos em dança. Ele não sabe com exatidão como nasceu a vontade de coreografar. Fato é que, ainda novato, Binho, hoje bailarino da São Paulo Companhia de Dança, criou sua primeira coreografia e sua obra foi vencedora de uma competição interna da escola de balé do Teatro Castro Alves. Era apenas o início.
Deixou
Salvador aos 18 anos e mudou-se para São Paulo para estudar na Especial
Academia de Ballet. Além da rotina de bailarino, ministrava aulas de balé na
escola e sempre que sobrava tempo, continuava trabalhando em suas criações.
Sobre isso, sorri e diz: “Entre um ensaio e outro, sempre que vejo uma sala
vazia eu pego um colega para experimentar um passo novo”. Apesar da rotina
intensa, Binho não abre mão de ir a feiras artesanais, parques, concertos e
museus nas horas de lazer.
Quando
chegou ao Rio de Janeiro, em 2010, desta vez para dançar na Companhia
Brasileira de Ballet, tinha 19 anos e já era bailarino profissional. Foi lá que
criou o que considera sua primeira grande coreografia; o balé "Sinais
de Luz", com duração de 20 minutos, e afirma: "A
responsabilidade de criar um balé de 20 minutos é muito maior". A obra fez grande sucesso e ele se orgulha em dizer que sua criação ainda faz parte do repertório
da companhia.
Ao
retornar para São Paulo, em 2011, começou a trabalhar em mais uma criação. Para
Binho, experimentar é a palavra de ordem no início deste processo. "A
gente idealiza uma coisa, mas cada bailarino responde de uma maneira diferente.
Muitas vezes, o movimento fica muito melhor do que eu havia pensado".
Ele também destaca a música como sendo imprescindível para o seu trabalho, pela
projeção que dá ao bailarino. Processo finalizado e sua nova obra, Idílio,
não demorou a render frutos. No ano seguinte, a peça foi apresentada pela
Especial Academia de Ballet no 30º Festival de Dança de Joinville e o grupo
venceu a competição na categoria Ballet Clássico Avançado. Felicidade para o
jovem coreógrafo, admirador de grandes criadores da dança como Nacho Duato,
Jirí Kylián e George Balanchine, ao reconhecer que o festival reúne grandes
profissionais da dança.
Em 2013, após participar de três audições, conseguiu uma vaga no corpo de bailarinos da São Paulo Companhia de Dança. Para ele, fazer parte da Companhia foi a realização de um sonho e seguiu conciliando a rotina de aulas, ensaios e apresentações, com seu trabalho de coreógrafo, e deu início à criação de mais uma peça. Desta vez, inspirado pela estação do outono, Binho cria a obra Concerto de Outono. "Para mim, o início do outono é o momento que o verão nos dá para renovar as energias". Ele também assina o figurino da coreografia, apresentada em junho pela Especial Academia de Ballet na quinta edição do Festival Passo de Arte de São Paulo, vencedora na categoria Conjuntos de Clássicos Avançados. Após a premiação, Binho foi convidado para remontar a obra em Lisboa, para a Escola de Dança do Conservatório Nacional.
Segundo
ele, sua coreografia lhe rendeu um reconhecimento maior do que poderia
imaginar. No final de julho, aos 24 anos, Binho recebeu o prêmio de Coreógrafo
Revelação da 31a edição do Festival de Dança de Joinville, com
a mesma obra. Além do prêmio, ganhou um vale viagem para participar de um
evento de dança internacional. Pergunto
a ele o que pensou ao subir no palco para receber seu prêmio, e responde: “Não
consegui pensar em nada. Só senti que estava no caminho certo".
Por Paula Quaresma, de São Paulo
Cena de Concerto de Outono, de Binho Pacheco
Bailarinos Paula Alves e Alef Albert, em cena de Concerto de Outono
Bailarinos Paula Alves e Alef Albert, em cena de Concerto de Outono
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